A deputada federal catarinense Carmen Zanotto (Cidadania) é uma das principais vozes do Congresso Nacional quando o assunto é saúde. Essa condição foi alcançada por sua trajetória - enfermeira por formação, secretária municipal (Lages) e estadual de Saúde e atualmente em seu terceiro mandato em Brasília - e fez com que fosse designada pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), para representar a pasta junto aos governos e prefeituras da região Sul na crise do coronavírus. No Cabeça de Político desta semana ela explica qual é sua função e relata o que vem sendo feito desde janeiro para preparar o Brasil para a pandemia.
Na conversa com o colunista Upiara Boschi, ela diz que sua maior preocupação hoje é com a falta de equipamentos de proteção para os profissionais de saúde ("se não protegermos a linha de frente, poderemos ter uma baixa dos profissionais que tem expertise. Não tem como formar rapidamente um profissional de UTI") e que o maior desafio da crise do coronavírus é evitar a polarização a saúde e a economia ("se transformamos isso em um cabo de guerra entre saúde e economia a gente pode estar perdendo tempo em criar mecanismos para proteger os empregos e reduzir o número de óbitos"). Sobre a difícil relação entre o presidente Jair Bolsonaro e Mandetta, ela admite a "angústia" pelos constantes rumores de demissão do ministro. Diz que é necessária uma "diretriz única" e que o presidente tem o direito de escolher seu ministro da Saúde e que precisa confiar nele.
- Vamos todos ter perdas significativas. Alguns terão prejuízos maiores, talvez alguns estabelecimentos não consigam reabrir suas portas, talvez muitos trabalhadores perderão seus empregos e talvez tenhamos muitos óbitos. A gente não pode excluir essa preocupação do presidente com a economia, mas a confiança dele com seu ministro precisa ser a máxima possível. Se não, o trabalho fica muito complexo - diz a deputada.