
os homens que amarei, III
sou grata às melodias que eu alcanço
– pois tudo o que lanço fere e lava.
agradeço às palavras de outra parte,
e àquilo que por arte renasceu
tornando-se apogeu adolescente
de um amor ainda latente e já maduro,
outrora espelho escuro e agora dia.
sou grata às melodias que eu ressoo
– pois tudo o que apregoo fere e cura.
agradeço às loucuras de outra sorte,
e àquilo que por morte fez-se nada
tornando-se a chegada como em vulto
de um amor ainda oculto e já refeito,
outrora espelho estreito e agora via.
sou grata às melodias por que juro
– pois tudo o que conjuro fere e alcança.
agradeço à esperança de outras gentes,
e àquilo que contente fez-se festa
tornando-se uma fresta espantosa
pro amor ainda prosa e já cantado,
outrora espelho errado e agora cria.