
A COP30 gerou grandes expectativas nos avanços do roadmap para uma transição justa e equitativa dos combustíveis fósseis, na redução do desmatamento, na definição de compromissos e indicadores de adaptação climática e no aumento do financiamento por países desenvolvidos. Esses esforços permitem que nações em desenvolvimento ampliem ações de adaptação e de recuperação de áreas degradadas por eventos extremos.
Apesar das dificuldades de consenso, vários resultados relevantes foram alcançados. Destaca-se a criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que combina recursos públicos e privados, repassando investimentos a países que preservam florestas tropicais. O Fundo já conta com compromissos de US$ 6,7 bilhões.
Outro avanço importante foi a adoção de 59 indicadores de adaptação (de 100 propostos), fornecendo um instrumento para medir vulnerabilidades e progressos em áreas como água, alimentos, agricultura, saúde, biodiversidade, infraestrutura, subsistência, pobreza, além de dimensões transversais (financiamento, tecnologia e capacitação).
Foram ainda aprovados 29 textos (adaptação, mitigação, financiamento e implementação). A agenda de ação recebeu 120 planos de aceleração para orientar políticas públicas, medidas de redução de emissões e fortalecimento da resiliência. 122 países apresentaram NDCs revisadas, embora a ambição seja insuficiente para limitar o aquecimento global a 1,5°C.
No financiamento climático, decidiu-se triplicar os recursos até 2035, apesar dos valores específicos não terem sido definidos.
Outro avanço significativo foi a aprovação do Plano de Ação de Gênero, que amplia o orçamento sensível ao gênero e fortalece a liderança de mulheres indígenas, afrodescendentes e rurais. As populações afrodescendentes foram incluídas em decisões como a Decisão Mutirão, indicadores da Meta Global de Adaptação e o programa de transição justa — uma demanda histórica. O movimento indígena obteve reconhecimento de seus direitos, incluindo o direito à terra.
Esses resultados, especialmente sobre agricultura sustentável e segurança alimentar, serão debatidos pela Dra. Tatiana Abreu Sá, pelo Prof. Sergio Schneider e por Emiliano Milanez Graziano da Silva, com mediação do Dr. Clayton Campagnolla.
Tatiana Deane de Abreu Sá é engenheira agrônoma, mestre em Biometeorologia, doutora em Ecofisiologia Vegetal, pós-doutora em Agroecologia. É pesquisadora do NEA Puxirum Agroecológico (Embrapa Amazônia Oriental) e professora colaboradora do INEAF/UFPA. Contribui com a Escola de Formação para Jovens Agricultores e integra a Rede Bragantina. Mantém trajetória dedicada ao fortalecimento da transição agroecológica na Amazônia.
Sergio Schneider é professor titular de Sociologia (UFRGS), pesquisador 1A (CNPq). Realizou quatro pós-doutorados na Europa e atua em desenvolvimento rural, agricultura familiar, mercados e sistemas alimentares. Autor de extensa produção científica, foi presidente da SOBER e é vice-presidente da IRSA.
Emiliano Milanez Graziano da Silva é engenheiro agrônomo (ESALQ-USP), mestre em ESG (FGV). Atuou nos três setores, coordenando programas de segurança alimentar e consultorias (comércio justo, agroecologia e sustentabilidade). Cofundador do Instituto Fome Zero, acumula 26 anos em projetos de desenvolvimento rural na América Latina.
Clayton Campagnolla é engenheiro agrônomo, mestre e doutor, com pós-doutorado pela Unicamp. Foi presidente da Embrapa, diretor da ABDI e diretor da Divisão de Produção e Proteção de Plantas da FAO. Autor de mais de 120 publicações, coordena a área de Alimento e Clima do IFZ.
Para mais informações, visite o Blog da COP30 no site do IFZ: https://ifz.org.br/category/cop30/