
Prepare-se para ouvir a história que a gramática não conta! O episódio #96 está no ar!O Hora Americana inicia uma discussão super interessante sobre o idioma que moldou grande parte do nosso continente: o espanhol falado nas Américas. Recebemos Xoán Carlos Lagares Diez, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador da área de política linguística, para desvendar as complexas relações de poder que se manifestam na forma como falamos.Você já parou para pensar que a língua é um objeto social em disputa? Conheça a Glotopolítica, um ramo do conhecimento que estuda os vínculos entre o universo da política e o uso da linguagem. A glotopolítica é um olhar político sobre a linguagem que desnaturaliza o objeto língua, mostrando que até mesmo a escolha de um nome é um ato político.Neste episódio, mergulhamos na origem desse idioma no continente. Descubra por que a preferência na América Latina por chamá-lo de "castelhano" está diretamente ligada ao desejo de se desidentificar da metrópole colonizadora (Espanha). Lagares detalha como o castelhano que chegou à América tinha forte influência das falas do Sul da Península Ibérica, sobretudo da Andaluzia, manifestando características como o “seseo” (a não distinção entre S e C/Z) e o uso de “ustedes” para a segunda pessoa do plural.A colonização espanhola, com seu foco em urbanização e construção de centros culturais (como a fundação de universidades, a exemplo da Universidade de Lima em 1551), gerou dinâmicas linguísticas muito distintas das vivenciadas na América Portuguesa.Mas, afinal, será que existe apenas um espanhol? Inspirados pela frase de Saramago sobre o português, questionamos: há "línguas em espanhol"?. A realidade linguística é de uma diversidade enorme. Entenda como as interações com línguas indígenas e africanas — especialmente no Caribe — moldaram variedades regionais, inclusive dando origem a línguas crioulas singulares, como o “Palenquero” e o “Papiamento”.Com a formação dos Estados Nacionais, a língua, apesar de hegemônica, gerou tensões entre as elites crioulas: o desejo de autonomia linguística coexistia com a necessidade de manter a continuidade cultural com a metrópole. Exploramos também a diglossia, o fenômeno de hierarquização das línguas onde o espanhol ocupou as funções sociais de prestígio, forçando as culturas nativas a disputar novos espaços para suas línguas.Por fim, entenda a disputa acirrada pelo futuro do idioma. De um lado, a Real Academia Espanhola, que historicamente busca o controle da norma. De outro, a realidade de pluricentrismo normativo na América, com polos fortes como Argentina e México. A política pan-hispânica da RAE é uma estratégia inteligente para manter o controle por meio da liderança, resultando no que alguns chamam de pluricentrismo piramidal.Não perca este episódio! Dê play e mergulhe na dimensão política da língua espanhola!Hora Americana, seu podcast quinzenal de história das Américas. Acompanhe nossas redes sociais: @HoraAmericana.