A minha convidada nasceu e cresceu em Brasília, filha da dona Francisca, empregada doméstica, e do seu Francisco, motorista. Ainda criança, enquanto estudava no Plano Piloto, via de perto um mundo completamente diferente daquele que encontrava ao voltar para casa, em Samambaia. Foi aí que nasceu o desejo de mudar de vida – não por luxo, mas para ter o básico: poder comprar um material escolar sem culpa, tomar um sorvete na rua, morar em uma casa limpa.Aos 14 anos, veio a primeira grande virada: ela foi aprovada para estudar em um colégio do SESC, no Rio de Janeiro, com bolsa integral. Três anos morando longe de casa e vivendo um ensino de excelência confirmaram o que ela já sabia – o estudo era a ponte para um futuro diferente. Aos 19, veio a primeira aprovação em concurso público, no ICMBio. Depois, a Apex, aos 25 anos; o MPU, aos 28; e o Senado, aos 29. Mas o que mais impressiona na trajetória dela não são apenas os cargos que conquistou – é a força que nasceu lá atrás, entre a feira da Orca, as madrugadas acordando com o pai para vender melancia a 1 real a fatia e o sonho de dar à família uma vida melhor.Filha de um homem que um dia teve medo de fazer o concurso de motorista do Senado Federal por não saber escrever, hoje ela é analista neste mesmo órgão. E é com muita alegria que o Imparável de hoje apresenta a história inspiradora da aluna Gran Ana Maria Chagas, uma mulher que transformou desigualdade em propósito.