Nesse episódio ajudarei você a entender como surgem as marcas vintage reais de uma peça denim e como podemos replicá-las para aplicação laser em protótipos jeans wear.

Ao falar de anatomia quero dizer que o corpo humano e sua interação com o meio são os responsáveis principais pelo surgimento das marcas no jeans. Se o seu desenho não respeita isso, ele não é um desenho VINTAGE, ou seja, ele não tem COERÊNCIA ANATÔMICA. Você sabia que é possível copiar a coerência anatômica de fotos de qualquer tecido, mesmo não sendo jeans? Isso ocorre porque o corpo já exerce nelas a tração que geram rugas e dobras. A única diferença é que o jeans memoriza tais marcas. Mas graças a invenção da fotografia, podemos fazer isso, capturando o comportamento do tecido, e de forma gráfica simular as rugas e as dobras criando assim um desenho, que pode ser aplicado em jeans usando máquina laser.

Assim como um leigo consegue perceber beleza e harmonia na música mesmo não sendo músico, as pessoas percebem beleza em tudo que se harmoniza com o corpo humano. É isso que levou as pessoas a terem apreço pelo jeans, sua capacidade de memorizar nele de forma harmônica o formato do corpo das pessoas através das marcas de desgaste e envelhecimento. Assim como foi possível registrar música é possível catalogar e registrar as marcas vintage de uma peça denim, visto que sua origem é o corpo, bem como sua interação com o meio. Como dizem os filósofos antigos: tudo que é belo tem proporção, arranjo e racionalidade. É por isso que é imprescindível treinamento especializado para preencher a grande lacuna existente no mercado brasileiro na produção jeans wear. Se nossos profissionais não estudarem e nem seguirem todas as regras conceituais e fundamentais do denim vintage, o Brasil nunca absorverá a cultura da naturalidade e nunca produzirá peças premium como no caso da Europa e outros mercados.