
Nesse Páginas Avulsas #2 vamos acompanhar a leitura de dois trechos significativos do Diário do Conselheiro Aires os dias 14 de maio e 5 de julho do ano de 1888. Nesses dois registros de seu Diário, o narrador nos apresenta impressões acerca de duas reuniões privadas muito frequentes no cotidiano do Conselheiro. Ao que parece essas duas passagens são dotadas de uma marcante substância crítica acerca das relações sociais que estão no pano de fundo da narrativa apresentada no Memorial de Aires. No primeiro caso, a sentença irônica “Não há alegria pública que valha uma boa alegria particular” indica a relação que a elite fluminense mantém com a Abolição da Escravidão ocorrida exatamente um dia antes da nota feita por Aires. No segundo caso, ao apresentar a lógica do bluff em torno da qual se estrutura o jogo do pôquer, o narrador indica que algo secreto liga o jogo importado dos Estados Unidos e o comportamento social dos personagens; e tudo parece estar submetido ao paradigma bem brasileiro do “conto do vigário”. Se estiver com livro à mão, acompanhe a leitura e vamos ao texto!