Logon é a revista online da Escola da Rosacruz Áurea. LOGON explora uma nova perspectiva do desenvolvimento do ser humano e das mudanças na sociedade do século 21, que emergem na arte, na ciência e na religião. Visite nosso site: www.logon.media/pt-br
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DO CONFLITO AO CENTROA ausência de conflito é uma impossibilidade para a consciência egocêntrica.No convívio entre pessoas, é comum nos depararmos com o choque de vontades — seja por diferença de interesses, seja pela luta pelo mesmo objeto —, estando sempre presente uma tensão.A consciência egocêntrica quer o melhor para si e, assim, frequentemente está em disputa com os demais. Esse comportamento é inconsciente, automático.O conceito budista de vacuidade pode nos ajudar a lançar luz sobre essa questão. Vacuidade significa que as coisas são vazias de existência intrínseca — ou seja, não existem como entidades próprias e separadas de todo o resto. Mas isso não quer dizer que o vazio seja um nada. Quando se fala de vazio, queremos dizer que um objeto é vazio de algo.Tomemos o exemplo de uma árvore. Podemos dizer que a árvore é vazia de luz, se ela é banhada pelo sol? Podemos dizer que ela é vazia do ar que a envolve? Seria ela vazia do solo, dos minerais e da água da chuva? Seria a árvore vazia de tudo o que a cerca, se ela existe como uma manifestação intimamente interdependente do próprio cosmo?Do que, então, a árvore está vazia?Ela está vazia de uma existência separada de todo o resto.Da mesma forma, uma pessoa e seu mundo interior — seus pensamentos, sentimentos, desejos e ações — não existem de forma independente no mundo. No entanto, o ser humano acredita possuir uma existência própria e cria uma barreira mental em relação aos outros e a tudo o que o cerca. A consciência egocêntrica é a raiz dessa separatividade e, portanto, dos nossos preconceitos, condicionamentos e automatismos que geram incontáveis conflitos interiores e exteriores.Mas o eu não tem uma existência por si só. Por isso, Krishnamurti nos diz que não há um observador fora do que é observado, nem um pensador separado do pensamento. Quando evitamos, por exemplo, um sentimento que nos aflige, criamos uma máscara do que realmente somos — e fugimos do autoconhecimento.O que normalmente chamamos de quietude são apenas momentos ou horas de repouso. Somos dominados por uma luta diária entre forças opostas, ansiedade, preocupação e medo — movidos pela separatividade da consciência egocêntrica.Mas é possível uma paz permanente?Como colocado por Dzongsar Khyentse no livro O que não faz de você budista, ao compreender e vivenciar a vacuidade, continuamos a apreciar tudo o que aparentemente existe — mas sem nos agarrarmos às ilusões como se fossem reais. Nossa visão penetra as aparências e percebemos que elas são, antes de mais nada, criações do eu. A vida ainda pode nos emocionar: podemos sentir tristeza, ira ou paixão, mas, aos poucos, deixamos de buscar uma validação externa do nosso eu e abandonamos a busca incessante por uma felicidade que nunca chega.Por meio das experiências da vida — que nos levam à fadiga dessa luta interminável — começamos a perceber que nosso ser essencial, como a fonte no deserto de que nos fala Exupéry, nos oferece um alento de paz ao renunciarmos à luta externa.O ser real transcende as barreiras da separatividade e as ilusões do eu.Para o ser real, não há limites: tudo o que existe é Um.Podemos, assim, começar a quebrar as barreiras de separação no nosso coração e fazer escolhas impessoais, livres de luta, mesmo diante de dificuldades e conflitos — numa nova atitude de vida. E assim, cada qual no seu caminho, pode alcançar uma paz permanente — não no tempo, mas no presente vivo, neste instante, onde a eternidade toca nosso coração.Imaginemos a roda de samsara: no exterior, os conflitos são inevitáveis, pela impermanência — mas, ao nos movermos para o centro, através dos raios (como um caminho interior), essas tensões se reduzem, até que, no ponto mais profundo, o conflito cessa, pelo reconhecimento da dualidade autocriada da consciência egocêntrica.Só o centro da roda cósmica é imóvel: é o vazio do cubo que a faz girar (Tao).O centro é o motor imóvel, o eixo do movimento — dele tudo depende, embora ele mesmo não participe do giro. É silêncio em meio ao ruído, é presença em meio ao fluxo.A roda é a própria vida. Mas para onde devemos seguir?Permanecer na periferia, girando com as tensões do mundo, ou trilhar o caminho de volta ao centro — onde habita a paz, onde o Ser é pleno, livre e indiviso?Foto: João Castro - Islândia
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