
O ego é um nome que damos à casa que construímos com medos e memórias. As paredes são de histórias antigas, o telhado, de comparações, as janelas, pequenas demais para ver o horizonte.
Ele nos protege, mas também nos aprisiona. Sussurra que somos a nossa profissão, nossas vitórias, nossas feridas. Convence-nos de que, se soltarmos o controle, desapareceremos.
Mas há um lugar, no fundo do silêncio, onde esse “eu” não tem domínio. Lá, não há paredes nem nomes, nem dentro nem fora,
nem eu nem tu — apenas o sopro sem origem que nos anima.
Ali, descobrimos que o ego não é um inimigo, mas uma sombra que se forma quando viramos as costas para a luz. Quando nos voltamos de novo para ela, a sombra se alonga, se dissolve, e tudo o que resta é o espaço aberto onde Deus respira em nós.
O ego é um nome, não a alma.
É a roupa que visto,não a pele que habito. É a sombra que me segue,não a luz que me guia.
Quando acredito que sou ele, perco-me.Quando o observo,liberto-me. O ego é útil na estrada, mas não é o destino.
O ego é o homem exterior, feito de títulos, medos e vaidades. Bate à porta de Deus com as mãos cheias de si mesmo e por isso não consegue entrar.
A alma, porém, é o homem interior, o silêncio onde Cristo habita. Ali, não há “eu” nem “meu”, apenas um coração aberto que se deixa possuir pelo Amor.
Morrer para o ego não é deixar de existir, é nascer de novo no lugar onde “já não sou eu quem vivo, mas Cristo vive em mim”.