
Há tanto tempo caminhamos, correndo atrás de promessas que se desfazem no ar.
Buscamos fora o que sempre esteve perto.
Pelas ruas da pressa, pelas praças do ruído, esquecemos que havia um lar dentro de nós.
O silêncio é a chave esquecida no bolso.
Ao abri-lo, reencontramos um espaço que nunca deixou de existir.
Não há móveis antigos, nem paredes frias, há apenas presença.
Um calor que não vem de fora, uma luz que não precisa de lâmpadas.
No começo, o retorno assusta.
O silêncio nos apresenta os ecos que tentávamos evitar: medos, lembranças, feridas. Mas, como viajante que descansa depois de uma longa estrada, percebemos que até as sombras são familiares, e que, ao aceitá-las, ganham contornos de paz.
É então que entendemos o provérbio antigo:
O silêncio vale ouro.
Não pelo que evita, mas pelo que revela.
Ele nos mostra o ouro que carregamos:
a essência viva, o amor que somos, a luz que não se apaga.
No silêncio, retornamos para casa e descobrimos que a casa sempre fomos nós
e que o ouro sempre esteve aqui, brilhando no centro do nosso ser.