
Neste 56º episódio de nosso caminho com a Palavra,dentro do projeto Vivendo o Mês da Bíblia 2025: “A esperança não decepciona”(Rm 5,5), mergulhamos no último capítulo da Carta aos Romanos. E,surpreendentemente, o que parece ser apenas uma lista de nomes revela umaprofunda teologia da comunhão eclesial. Cada nome, cada saudação, é umtestemunho de vida, de missão, de esperança concreta que se constrói nosvínculos fraternos.
Logo no início, Paulo recomenda Febe, diaconisada comunidade de Cencréia:
“Recomendo-vos nossa irmã Febe, que éministra da Igreja que está em Cencréia.” (v.1)
Ela é apresentada como benfeitora de muitos,inclusive do próprio Paulo. A palavra usada para ela — diákonos —nos mostra que as mulheres exerciam funções relevantes na Igreja nascente.
Febe não é uma figurante: ela é protagonista na missão.
Em seguida, Paulo inicia uma longa série de saudações,mencionando pelo menos 26 pessoas pelo nome, além de famílias e grupos.Destacam-se:
– Priscila e Áquila, que “arriscaram acabeça” por Paulo (v.3-4);
– Epêneto, “o primeiro fruto da Ásia para Cristo” (v.5);
– Maria, que “trabalhou muito por vós” (v.6);
– Andrônico e Júnia, que “são notáveis entre os apóstolos” e “estavamem Cristo antes de mim” (v.7).
A menção a Júnia como apóstola tem sido objetode estudo e reconhecimento: ela aparece entre os missionários de destaque daIgreja primitiva, o que valoriza ainda mais o papel das mulheres no anúnciodo Evangelho.
Cada nome revela:
– uma história de fé,
– um vínculo com Paulo,
– um testemunho de missão vivida,
– uma Igreja viva e orgânica.
Não há anonimato na comunidade cristã.
Todos têm um rosto, uma história, uma contribuição.
Paulo saúda ainda pessoas que vivem em diferenteslugares, famílias inteiras, servos e servas de Deus. E insiste:
“Saudai-vos uns aos outros com o ósculosanto.” (v.16)
Ou seja, a paz e a comunhão não são ideias abstratas: são expressas emgestos concretos.
Mas Paulo também faz um alerta:
“Evitai os que causam divisões eescândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes.”(v.17)
A comunhão precisa ser preservada da mentira, davaidade e do egoísmo.
A Igreja é um corpo onde o amor constrói, mas também onde o erro pode ferir.
Por isso, é preciso vigilância, fidelidade e discernimento.
O apóstolo encerra essa seção com um belo testemunhode confiança:
“O Deus da paz esmagará em breve Satanásdebaixo de vossos pés.” (v.20)
Essa é a vitória da esperança:
– Não porque somos fortes,
– Mas porque Deus é fiel.
E Ele é Deus de paz, de comunhão, de unidade.
Aplicação à vida:
Você valoriza os irmãos que caminham com você na fé?
Lembra-se de rezar por eles, agradecer por suas vidas, aprender com seutestemunho?
Você vive a comunhão como um dom e uma responsabilidade?
A Igreja é feita de rostos, de nomes, derelações. Onde há comunhão, há esperança.
Palavra de esperança:
Você é parte do Corpo de Cristo.
Sua história importa. Sua presença edifica.
Na comunidade, ninguém caminha sozinho.
Deus te chama a construir pontes, não muros — a saudar com amor, a viver emcomunhão.
Oremos:
Senhor, obrigado pela minha comunidade, por cada irmão e irmã que colocaste emminha vida de fé. Dá-me gratidão pelos que caminham comigo, sensibilidade paraservir e humildade para aprender. Que nossa comunhão seja sinal vivo daesperança que não decepciona. Amém.
No próximo episódio: “Glória a Deus: asabedoria do plano de salvação (Rm 16,25-27)”. No encerramento da carta,contemplaremos o louvor final a Deus, que conduz toda a história com sabedoriae misericórdia. Até lá!