
Pesquisadores do Institute for Basic Science (IBS) na Coreia do Sul fizeram uma descoberta revolucionária que coloca o lítio, um íon farmacológico com 70 anos de história, no centro da psiquiatria de precisão. O estudo, validado e publicado no Molecular Psychiatry, demonstrou que o lítio pode reverter completamente os déficits neurológicos e comportamentais em camundongos com autismo ligado à mutação no gene DYRK1A.
O lítio atuou como uma "ferramenta cirúrgica molecular". Quando administrado na fase juvenil, ele corrigiu múltiplos sintomas, restaurando a interação social e normalizando o tamanho do cérebro (microcefalia) nos animais. A chave molecular para essa recuperação é a proteína Kalirin-7: o lítio conseguiu restaurar essa "mestra de obras" sináptica, permitindo que os neurônios reconstruíssem as conexões necessárias para a comunicação cerebral.
Esta pesquisa sugere que o autismo, em suas formas genéticas, pode ser uma condição modulável. No entanto, é fundamental a cautela: a terapia é promissora especificamente para subtipos genéticos como DYRK1A e SHANK3. Devido à janela terapêutica estreita e aos riscos de toxicidade do lítio, a transição para humanos exige ensaios clínicos rigorosos para definir doses seguras para cérebros em desenvolvimento.