
Hoje eu acordei com saudade do meu pai
Não foi uma saudade qualquer. Foi daquelas que batem no peito feito tambor surdo, silenciosa por fora, barulhenta por dentro.
Acordei com a voz dele ecoando em alguma parte da minha memória. Com o jeito dele de falar meu nome, de rir das minhas histórias, de fingir bravura mas ser um coração mole quando ninguém estava olhando.
Ele partiu no dia 3 de fevereiro. E por mais que o tempo tenha passado, tem dias que a ausência pesa mais. Hoje foi um desses dias.
Talvez seja porque em breve eu vou levar as cinzas dele para o último descanso. Um ritual simbólico, eu sei. Mas também necessário. É como se cada gesto agora tivesse o poder de selar a despedida que, na verdade, nunca vai ser completa.
Porque quem a gente ama de verdade não vai embora por completo.
Ele ainda aparece nos meus gestos, nas minhas decisões, na forma como eu olho o mundo.
Ele vive em mim, mesmo que às vezes eu me pegue querendo ouvi-lo só mais uma vez.
Nem que fosse pra dizer uma besteira. Nem que fosse só pra ficar em silêncio junto.
Hoje eu acordei com saudade do meu pai.
E talvez amanhã também.
Mas é nessa saudade que eu encontro a força pra seguir… com ele em mim.