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Letter to a Young Poet
Rodrigo Brand
3 episodes
6 days ago
Poetry & Short Stories.
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Episodes (3/3)
Letter to a Young Poet
A Menina Sem Estrela

Olha você. Eu. Não era pra ser. Nasci prematura. Infintamente miúda. Sem movimento. Sequer podia respirar. Incapacitada. Um alma. Dentro de um casca quebrada. Escorrendo.

Meu pai perguntou: “Há esperança? Quero a verdade, nada mais”. “Não”, disse o médico.

Essa era a minha vida. Nada para dar. Além de minha presença. Um peso. Um fardo. Numa cadeira de rodas... pra facilitar a movimentação. “Carrega a Daniela.”

Meus olhos azuis não tinham vida. Olhos negros. Como os de cegos. Numa história escrita pelo meu pai.

A morte numa família é um peso para todos. Quem morre, se vai. Mas o que fica é dividido. Entre todos os restantes. Somente em alguns casos, quando já se está perto do fim, é um alívio.

Carregam o corpo. Os familiares. Talvez alguns amigos. Depositam em cova profunda. Uma oração e algumas palavras. Por cima, terra solada. Uma bonita lápide. Depois, é com o tempo. Quiça um dia, conseguem esquecer.

Eu fiz Nelson chorar. Eu fiz Nelson Rodrigues chorar. Sabe você o que é isso? Sabe você o que é vexar o “anjo pornográfico”? E não foi lágrima escondida não. Lágrima transviada por lenço posto de volta no paletó. Eu fiz ele chorar copiosamente. Soluços ouvidos por todo o edifício. Lágrimas sem retorno. Como um rio que deságua no mar. Ele não sabe. Mas eu sei.

Eu. Um corpo numa cadeira. Transformei a vida ao meu redor. Fiz minha avó. Uma senhora. Personagem de colunas sociais. Subir de joelhos. Os 365 degraus, da Igreja da Penha.

Minha mãe. Todas as noites. Também ajoelhada. Massageando minhas pernas sempre geladas. Devido à má circulação. Meu pai. Todas as noites. À observar.

Jantar na minha casa era à luz de velas. Um funeral adiantado. Todos aguardavam. Ansiosos. O dia de minha prematura partida.

Mas nem tudo era tão triste. A oposição e a adversidade também tem a sua verdade. Elas uniram meu pai e minha mãe.

União. Fundada na solidão de quem enfrenta uma batalha. Eu era uma causa. Um propósito. Uma missão. Comigo por perto, minha mãe pôs meu pai na linha. O convênceu a usar óculos. Tentou que ele abolisse os suspensórios. O ensinou a tomar banho direito. E às vezes, ela entrava no chuveiro, para que eles se lavassem juntos. Purgavam seus pecados. Uma forma... de amor.

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5 years ago
4 minutes 57 seconds

Letter to a Young Poet
Amor Carioca

Ela não sabia

Tão inocente a menina

Que o amor assim podia

De manhã, antes do café

Sem maquiagem

De roupa suja

Ela não sabia

Que amar assim podia

À primeira luz do dia

Antes do sol sair do chão

A janela aberta

E a gente ali deitado

Um corpo no outro amarrado

Deixando o tempo passar

Correr pra que?

Se devagar é mais gostoso

Se amar é puro gozo

Tolo é quem não sabe

Que a soma de dois é muito mais

Amor é filosofia

Matemática, geometria

É história, geografia

Amor é a verdadeira religião

Pois ela não sabia

Que amar assim trazia

Sem aviso todavia

Um sorriso no olhar

O corpo nu

Sem falsidades, sem mentiras

Transbordando alegria

A liberdade é afrodisíaca

Felicidade é amar.

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5 years ago
1 minute 9 seconds

Letter to a Young Poet
A Bunda

A bunda abunda

Pra todo lado que olho

Lá está ela, cheia

Minguante ou crescente

Como a lua

Feita de nádegas

Um córrego ao meio

Não há pescador que não a deseje

Ela, igual queijo

Tantos tamanhos

Tantos sabores

Furada ou lisinha

Velha ou novinha

Chama a atenção

Peitos são dois

Mas a bunda não falha

Reluz toda charmosa

Até quando é petit

Ah, a bunda

Majestoso travesseiro

Ela, natural

Melhor recosto não há

Deita-se o rosto

Escreve-se o poema

Dessa curvilínea forma humana

Paixão nacional

O que dizer da bunda?

Em uma palavra:

Gosto.

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5 years ago
1 minute

Letter to a Young Poet
Poetry & Short Stories.