A arte está-lhe nos genes: filho de dois músicos, Kizua Gourgel cresceu entre pautas, concertos e gravações. Primeiro na sua Angola natal, no compasso das criações do pai, Beto Gourgel, e depois em Portugal, destino de emigração onde, aos 13 anos, compôs a primeira canção. No regresso a Luanda, retomou a ligação ao grupo coral “Patinhos”, que integrou na infância, e que reencontrou já como “Gingas do Maculusso”. Foi nesta formação que gravou os primeiros álbuns, antes de seguir a carreira a solo, abrilhantada por vários prémios.

Neste 4 de Abril em que se assinala o Dia da Paz e Reconciliação Nacional em Angola, o Lado Negro da Força recebe Ella Stattmiller, nascida e educada na terra das Palancas Negras. A viver em Portugal desde a adolescência, para onde se mudou em busca de melhores oportunidades académicas, Ella optou pela formação em Estudos Africanos, indo ao encontro de um “profundo amor e interesse” pela riqueza cultural do continente-berço da Humanidade. Viajante incansável, “dedica-se ao trabalho de pesquisa, explorando questões contemporâneas e históricas que moldam a África de hoje, especialmente na área das artes”. Com a sua intervenção pretende ajudar a construir novas narrativas sobre a realidade africana, “mais informadas e compassivas”.

Finalista da licenciatura em Estudos Africanos, Laudiana Correia junta à formação universitária a condução do projecto “África em Pé”, criado para dar a conhecer a História do continente-berço da Humanidade. Sempre muito activa na vida académica, procura participar em todos os eventos que considera relevantes, como o Núcleo de Estudos e Estudantes Africanos (NEEA). Pessoa declaradamente apaixonada pela vida, Laudiana, de 21 anos, faz questão de cultivar uma forte conexão com as raízes africanas cabo-verdianas, através da rede familiar e de amigos.

Carlos M Dias é caboverdiano de alma, apesar de ter nascido em Lisboa. Formado em Psicologia e tem certificação internacional em coaching. Foi jogador profissional de basquetebol, campeão nacional e vencedor da taça de Portugal com carreira em Portugal e Espanha. Hoje o seu trabalho é como orador motivacional e mentor.

Carolina Vieira é brasileira, licenciada em marketing e uma das fundadoras da Plataforma Geni, atua ativamente na criação de redes de apoio para mulheres imigrantes em Portugal. Militante pelo Bloco de Esquerda, acredita que uma sociedade mais justa depende de todos que nela vivem.

Psicóloga Clínica e Mestre em Psicologia Clínica e Aconselhamento, a cabo-verdiana Edna Tavares trabalha há mais de uma década com imigrantes, nomeadamente de origem africana, no serviço GAT AFrik, do GAT – Grupo de Activistas em Tratamentos. É também membro-fundadora da Plataforma de Psicólogos Afrodescendentes em Portugal – AfroPsis, activista anti-racista, e bombeira voluntária. A partir das 21h, vamos ouvi-la n’ O Lado Negro da Força.

Filho de cabo-verdianos, Telmo da Luz cresceu na cidade do Mindelo, de onde saiu, aos 19 anos, para o Brasil, destino de estudos superiores. A viver em Portugal há 15 anos, o dirigente associativo conta que foi por cá que percebeu que “ser negro é, mais que uma cor de pele, um manifesto diário”, que o obriga a provar que todos os locais que pisa também são seus. A consciência conduziu-o até à Associação Desportiva da Amadora, projecto que “luta para garantir que jovens afrodescendentes possam gozar de todos os seus direitos, plenos de cidadania, e possam andar em todos os espaços, que são a partida vedados para eles, pelo simples motivo de serem do ‘Bairro’ e pela sua tez de pele mais escura”.

Brasileira nascida na Alemanha, Priscila Valadão vive em Portugal há oito anos, destino que a confrontou com uma identidade até aí desconhecida: a de pessoa racializada. A descoberta, conta a administrativa, “guinou a sua vida para a militância marxista-leninista, o que inclui a luta anti-racista”, mas não só. A partir das 21h saberemos mais, n’ O Lado Negro da Força.

Nascido na cidade moçambicana de Inhambane em 1965, e desde os 12 anos em Portugal, Daúto Faquirá formou-se em Educação Física e Desporto, com especialização em ergonomia e futebol, modalidade central na sua história. Primeiro como jogador, e desde os 28 anos no comando técnico, foi eleito Treinador Revelação no ano de estreia na principal liga portuguesa, reconhecimento precedido de várias subidas de divisão. A par da trajectória competitiva, marcada também por uma passagem pelo campeonato angolano, a sua vida desportiva, entretanto alargada à presença televisiva, incluiu ainda a passagem pelo ensino, percurso hoje em destaque n’ O Lado Negro da Força. Para ver a partir das 21h, com um olhar pela luta anti-racista.

Nascida em Lisboa há 20 anos, filha de pai de ascendência angolana e mãe com raízes cabo-verdianas, Áurea Sofia Silva cresceu rodeada de várias culturas. Desde cedo seduzida por música e criatividade, a partir de 2020 encontrou uma nova paixão: o activismo. “Criei o Instagram “humansquarantined”, para abordar questões políticas e juvenis, e lancei o website “isaidno” para dar voz ao importante tema do assédio sexual e fornecer ajuda às vítimas”. Actualmente a concluir a licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais, Áurea integrou, nos últimos meses, o programa Sankofa, de formação política para jovens negras, uma experiência que aponta como transformadora. “Expandiu os meus horizontes, e alimentou ainda mais a minha paixão pelo activismo político”.

Com 15 romances publicados, e diversos livros de contos e de crónicas, a que se juntam obras para crianças, de poesia e reportagem, o escritor angolano José Eduardo Agualusa é aclamado como um dos mais importantes autores em língua portuguesa da actualidade. O reconhecimento expressa-se pela dimensão internacional do seu trabalho, publicado em mais de 40 países e acima de 30 idiomas, e pela conquista de vários prémios literários, como o International Dublin Literary Award, arrebatado em 2017. Hoje abre o livro n’ O Lado Negro da Força, a partir de Moçambique, onde “escreve, nada, e cria uma filha chamada Kianda, de 5 anos”.

rtista transdisciplinar, Sara Fonseca da Graça, aka Petra.Preta, nasceu em Almada em 1992. É licenciada em Teatro-Actores pela Escola Superior de Teatro e Cinema, e co-fundadora do colectivo Medalha d’Ouro. Iniciou o percurso a solo em Cabo Verde, onde tem raízes familiares, e, do seu lugar de fala, questiona-se “sobre problemáticas identitárias e de sistemas sociais”, bem como “as relações de poder que operam na sociedade como repercussões de um passado colonial”.

Segunda parte da conversa com Renata Franco Ribeiro

Da História e Geografia para as relações étnico-raciais, passando pela Psicopedagogia, Administração Escolar, e Antropologia, a professora Renata Ribeiro continua a somar especializações à formação académica, agora direccionada para um doutoramento em Estudos Africanos. O caminho de conhecimento, iniciado no Brasil de origem, cruza-se com várias ocupações profissionais, num currículo inaugurado com apenas 12 anos, entre desafios de subsistência. A par de um já longo percurso de trabalho e de estudos, a vida de Renata é pontuada pela maternidade – é mãe do Esaú – e pela ligação a vários colectivos, nomeadamente anti-racistas. “Eu aprendi a fazer parte de movimentos sociais, a pensar que é possível um mundo digno através das minhas avós”, conta a convidada de hoje d’ O Lado Negro da Força.

Licenciado em Direito na Guiné-Bissau, o seu país de nascimento, e agora em Lisboa a frequentar o mestrado em Direito e Prática Jurídica, Joãozinho Ufalá Júnior combina a formação académica com uma forte intervenção cívica, cumprida na ligação ao associativismo jovem, estudantil e guineense. “Jurista, professor e voluntário social”, conforme se apresenta, Joãozinho é o convidado de hoje d’ O Lado Negro da Força.

Filho de mãe minhota e pai guineense, Ricardo André Ramos Tomé nasceu há 30 anos em Tomar, de onde saiu para Coimbra, destino de crescimento como “pessoa e cidadão”, e também de estudos superiores. Licenciado em Sociologia, mestre em Marketing, e apaixonado por música, karaté e futebol, Tomé Ramos, como é mais conhecido, encontrou na Rádio mais uma via de realização profissional, concretizada com o programa “Desconstruir”, transmitido na RDP África.

Apresentou-se com o hip-hop, paixão musical expressa em três discos, lançados entre 2006 e 2016. Já em 2020, encontrou nas artes plásticas mais uma via criativa, concretizada numa série de pinturas. Agora é na literatura que imprime a sua assinatura artística, traduzida no livro “Uma Ferida Chamada Marcos”. Falamos de Marcos Karagianis Braz, ou simplesmente Marcos Bëst. Filho de pai moçambicano e mãe madeirense, o convidado de hoje d´O Lado Negro da Força é reconhecido por traduzir para arte as suas vivências e experiências nos subúrbios de Lisboa.

Filha de mãe cabo-verdiana e pai guineense, Júlia M. Tavares nasceu em Braga onde se licenciou em Ciências da Comunicação, formação que aplica no Jornalismo. Desde 2021 em Lisboa, destino de estreia em redacções, hoje assume o cargo de editora-chefe da Rádio Afrolis, “projecto de informação digital que visa mudar a percepção da realidade sobre as mulheres negras e racializadas em Portugal e no mundo”.

Licenciado em Comunicação Social, com especialização no ramo empresarial, Danilson Francisco tem na área criativa e artística um lugar de pertença. Nascido em Angola há 25 anos, o convidado d’ O Lado Negro da Força já fez Teatro e até sonhou com uma carreira desportiva, interrompida por uma lesão. Hoje aventura-se no território da stand-up comedy, um dos palcos onde pretende investir. Aplausos.

Nascido na Guiné-Bissau há 29 anos, Kumpaku Bua Pogha – ou apenas Serpé Kumpaku – estuda Sociologia em Portugal, onde integra o colectivo Consciência Negra, que combate o racismo e qualquer outra forma de discriminação. O compromisso com a defesa dos Direitos Humanos aprofundou-se em território guineense, a partir da co-fundação do movimento político revolucionário UPRG-Cassacá-64, e também da integração no Movimento Panafricano da Guiné-Bissau (MPGB). Assumido “cabralista nos ideais”, a sua veia activista já foi punida com passagens pela prisão, e expressa-se ainda através da arte, nomeadamente no poetry slam.